Imagine pintar o rosto e vestir roupas provocantes e subir em cima do palco e com letras fortes. Agora imagine fazer isso em plena ditadura militar. Pois foi isso que fez o grupo Secos & Molhados, na década de 70, um dos maiores sucessos do país naquela época. Liderados pelos talentosíssimos João Ricardo e Ney Matogrosso, o grupo abalou as estruturas conservadores de um país que vivia os "anos de chumbo". E trouxeram momentos de alegria e beleza para um povo tão sofrido.
"Naqueles tempos (anos 70) se faziam coisas fortes."
A frase dita pelo guitarrista dos Mutantes, Sérgio Baptista mostra que, ao contrário de hoje, atitude era algo bem mais do que mero palavreado. E havia motivos para se ter medo. O Brasil vivia os chamados "anos de chumbo" e os artistas tinham pouco espaço para se expressar. E, nesse contexto, o Secos & Molhados foi admirável.
Os Secos & Molhados nasceram através do líder João Ricardo, principal compositor da banda, em setembro de 1970. No ano seguinte, em abril, a banda ganha dois novos integrantes: Antonio Carlos (Pitoco) e Fred. Pitoco tocava violão de 12 cordas e harmônica de boca, enquanto Fred, uma viola de 10 cordas e percussão.
Inspirados em Vinícius de Moraes, Cassiano Ricardo e Fernando Pessoa, o grupo faz um temporada no Kurtisso Negro, no bairro do Bexiga, em São Paulo, e logo atraem uma multidão interessada em coisas novas. Uma das primeiras fãs seria Luli, com quem João Ricardo escreveria alguns dos maiores sucessos da banda, como "O Vira" e "Fala".
Mas Pitoco e Fred logo desistem do grupo e João Ricardo sai à caça de um vocalista. Acaba conhecendo Ney de Souza Pereira, futuro Matogrosso, que entra pro grupo, embora morasse no Rio de Janeiro. Alguns meses depois, Ney muda-se para São Paulo, entrando de forma definitiva pro Secos & Molhados, no mês de novembro. No mesmo dia, gravam a música "Vôo", para montagem teatral de Corpo a Corpo, dirigida por Antunes Filho.
Os dois começam a ensaiar e, em janeiro de 1972, fazem ensaios com vários músicos e convidam, somente, o flautista Sérgio Rosadas, o "Gripa" e também Gerson Conrad, vizinho de João. A banda ensaia durante todo o ano, até estrearem no teatro do Meio, do Ruth Escobar, um misto de casa-noturna, bar e restaurante de nome Casa de Badalação & Tédio, onde conseguem um sucesso inesperado.
Em janeiro do ano seguinte, recebem um convite para gravarem no Rio, através do jornalista Moracy do Val. Saem procurando músicos para a empreitada.
Ficam dois meses na capital fluminense, enquanto não recebem sinal da gravadora Continental para entrarem em estúdio.
Finalmente, montam uma banda composta de Gripa (flauta), John (guitarra), Willy (baixo) e Marcelo (bateria) e ensaiam durante os meses de março, abril e maio, quando começam as gravações, no dia 23.
As músicas são finalizadas em quinze dias. Entregam o master para a Continental, enquanto começam a trabalhar na confecção da capa.
No dia 6 de agosto, fazem o primeiro show de divulgação do LP, no Teatro Aquarius, em São Paulo. Chamam a atenção pelo visual, com rostos pintados, muita produção.
No dia 6 de agosto, fazem o primeiro show de divulgação do LP, no Teatro Aquarius, em São Paulo. Chamam a atenção pelo visual, com rostos pintados, muita produção.
O LP logo se torna um sucesso comercial espantoso, vendendo mais de 300 mil cópias em dois meses, e, em pouco tempo, passam a casa do milhão de cópias. E não é por menos.
Além das belas composições de João Ricardo, os Secos & Molhados ousa incorporar elementos de brasileiros com o rock dos Rolling Stones, numa mistura extremamente inteligente e divertida. O primeiro LP leva apenas o nome da banda e conta com as seguintes músicas:
Secos & Molhados - 1973
Lado 1
1. "Sangue Latino" (João Ricardo/Paulinho Mendonça) – 2:07
2. "O Vira" (J. Ricardo/Luli) – 2:12
3. "O Patrão Nosso de Cada Dia" (J. Ricardo) – 3:19
4. "Amor" (J. Ricardo/João Apolinário) – 2:14
5. "Primavera nos Dentes" (J. Ricardo/J. Apolinário) – 4:50
6. "Assim Assado" (J. Ricardo) – 2:58
7. "Mulher Barriguda" (J. Ricardo/Solano Trindade) – 2:35
Lado 2
1. "El Rey" (Gerson Conrad/J. Ricardo) – 0:58
2 . "Rosa de Hiroshima" (G. Conrad/Vinicius de Moraes) – 2:00
3 . "Prece Cósmica" (J. Ricardo/Cassiano Ricardo) – 1:57
4 . "Rondó do Capitão" (J. Ricardo/Manuel Bandeira) – 1:01
5 . "As Andorinhas" (João Ricardo/C. Ricardo) – 0:58
6 . "Fala" (J. Ricardo/Luli) – 3:13
link de http://loronix.blogspot.com
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Texto de Rubens do Mofo
quinta-feira, 21 de maio de 2009
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4 comentários:
Excelente disco, um clássico. O segundo considero ainda melhor, mais maduro e melhor produzido. O nome da banda, por vias tortas, foi que me inspirou o nome Gravetos & Berlotas que, a princípio, reservei para uma futura banda que sonhava em montar mas...ficou só no sonho mesmo pois ninguém aceitava o nome por medo de represálias dos ômi da lei.
Grande postagem...concordo com o Edson, este e o segundo são maravilhosos...Tenho os dois em vinil e também a edição em cd produzida pelo Charles Gavin.
Gosto muito so som destes caras.
A resenha também ficou muito legal.
Valeu a lembrança Herman.
Abração.
Edson e Big...realmente o segundo é muito bom...e esses plays fazem parte da minha iniciação musical...desde que me lembro por gente rolava na vitrola de casa,e achava coisa de outro mundo a capa,uma criança de 3 anos,vcs imaginem...devo agradecer muito ao meu pai,pois alem de S&M,rolava muito Mutantes e claro Beatles e Stones em casa...agora qto ao texto,como está creditado é do brother Rubens do belo site Mofo...valeu e vamo tomar uma cagibrina pra abrir o apitite...cade o Zaqueu,carai????
Meus caros...
Sem palavras para o post. S&M são referenciais e pronto! Quero convidar os caríssimos a conhecer meus blogs:
http://sonoropanegirico.ning.com
http://ascosturasdoinfinito.blogspot.com
Grande abraço!
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